terça-feira, 27 de novembro de 2007

NÃo há muito o que contar...




NÃO HÁ MUITO O QUE CONTAR

(Pablo Neruda)

Não há muito o que contar

para amanhã

quando já desça



ao Bom-Dia

é necessário

para mim

este pão

dos contos,

dos cantos.

antes da alba, depois da cortina

também, aberta ao sol do frio,

à eficácia de um dia turbulento.



Devo dizer: aqui estou,

isto não me aconteceu, e isto acontece;

enquanto isto as algas do oceano

se movem predispostas

à onda,

e cada coisa tem sua razão,

sobre cada razão um movimento

como de ave marinha que levanta

da pedra, da água, da alga flutuante.



Eu com minhas mãos devo

chamar: venha qualquer um.



Aqui está o que tenho, o que devo,

ouçam a conta, o conto e o som.



Assim cada manhã de minha vida

trago do sonho outro sonho.



Arte: Osvaldo Pastorelli

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