quarta-feira, 26 de setembro de 2007

MANDINGA

Mandinga


Por Carlos Savasini
Gabriela Cuzzuol
Osvaldo Pastorelli


Se eu soubesse fazer poesia

Gritava alto

Pedia muito

Soltava as bruxas

Voava de vassoura

Fazia mandinga

Macumba na esquina

Acendia um charuto

E baixava o santo

Pedia pro alto

Mostrava as veias

Bancava o assalto

Atava teias

Prendia o assassino

E fechava a cadeia

Do destino.

AGENDA

Bem, nesta sexta-feira rola na BIBLIOTECA ALCEU AMOROSA LIMA (Rua Henrique Shawman, 777 Pinheiros) , o


"SARAU DO RASCUNHOS POÉTICOS"


às 19:00 horas, com muita música e poesia.



"SOPA DE LETRINHAS"

nLocal: Vila TEodoro,
Av. Henrique Shawman, número 1229- Pinheiros
Animadíssimo SArau com inúmeros músicos participando.
Homenageado da noite: Luís Roberto Guedes

domingo, 23 de setembro de 2007

PALAVRIANDO

Meus caros:
EStá no ar o PALAVRIANDO, portal novo de notícias variadas para onde eu também trabalho.
Lá, de cara, dois trabalhos meus:

a pauta POESIA SOCIAL

e a crônica "O Significado das Palavras"

Quem estiver a fim:

www.palavriando.com.br

sábado, 15 de setembro de 2007

DO CONTRA -

DO CONTRA

Carlos Savasini

Parte-se e reparte-se

Uns que vão e outros que voltam

Fluxo fluido de gente e amigos

Gelo salgado e cerveja

Pão e café – SOU DO CONTRA

Partidário da carne e do contra-filé

Contra qualquer coisa que vele e coíba

Proíba que valha o encontro

Proíba que valha o encanto

Sou todo do contra ao que é contra a vida

Sou partidário até do prazer que mata

Simpático ao prazer

À morte – JAMAIS.
"Que meus inimigos;

Tenham olhos e não me vejam;

Tenham mãos e não me toquem;

Tenham pés e não me alcancem;

E nem mesmo em pensamento;

Possam me fazer mal"

terça-feira, 4 de setembro de 2007

Coroada de Rosas






Coroada de Rosas
Ou uma Crônica sobre o significado das palavras.




Por: Gabriela Cuzzuol em 2 de setembro de 2007.





Certas palavras deveriam definitivamente ser reinventadas. Preconceito, por exemplo, deveria se chamar “mavontade”. Assim, junto. Porque quando se predispõe a não gostar, o prefixo vem grudado, absolutamente perto da impossibilidade de desaparecer. Outro exemplo que poderia funcionar bem seria o coloquial “quebrar a cara”, pelo substantivo “surpresa”. Jornalisticamente falando, funcionaria.
Experimentei os dois, com todos os seus por menores, na abertura de uma exposição na
Casa das Rosas, no sábado dia primeiro.
Motivos vários: o cansaço do trabalho do dia anterior, a descrença no design de interiores como arte, a falta de vontade de fazer uma pauta com grandes possibilidades de “cair”, e a simples ojeriza a decoração... Mentira! Mentira pura e total. Mentira “clara”, ou melhor, escura, porque tecnicamente, mentira é sempre escura.
Está aí outro termo que poderia ser substituído: Mentira. Talvez trocar por “falta de coragem de assumir”. Ou quem sabe “capa protetora”, esse último termo, garimpado em pesquisa nada científica, feita com cinco amigas minhas, acompanhado de “às vezes”, elas reafirmam, quase nunca. Trocar mentira por “escudo” poderia ser uma. Ou não. Moralmente impensável, jornalisticamente inaceitável.
Pois é, o fato é que, apesar de todos os verdadeiros motivos acima, o que me fazia não querer ir conferir a “tal da CAD”, era que há cerca de dois meses, por causa dela a minha casa estava fechada.
Minha casa sim, porque após mais de um ano de risos, amigos, estórias, poesia e inúmeras descobertas, virou minha casa.
Uma vez eu ouvi que casa é o lugar onde plantamos nossos sonhos e esperanças. Alguns dos meus estão plantados ali, em meio aquelas rosas. Sonhos que eu nem sabia que tinha e, o melhor, não eram apenas meus. Por ali eu vi o surgimento de grandes artistas, pessoas comuns inventando novas formas de “fazer literatura”, relações reais sendo criadas e acima de tudo, presenciei “casos”. Como o da a senhora que não gostava de nada e descobriu um motivo brilhante para “dar uma volta num sábado à tarde”; a virtuose despretensiosa , cuja obra nunca sairia dos limites daqueles portões; o engenheiro cujos olhos brilhavam ao vestir-se em versos; o professor que se fez artista; a periferia que em meio àquele hall, se mostrava em pé de igualdade, como imprensa nenhuma havia tido a capacidade de fazer. Ali eu percebi o reduto dos “res”: redescoberta, reinvenção, renascimento, por vezes recomeço, revolta até.
Fora ali também onde, depois de anos de jornalismo musical, confirmei que a ardência da fogueira das vaidades é imutável, e que, onde houver arte, estará lá.
E que ainda, como diz um poeta-amigo, eles, “os nobres eleitos”, suportam apenas nível constante”*.
Há naquelas paredes, uma verdade que só decifra, quem passou parte da vida ali.
Aí, “vem a tal CAD” e a fecha, por meses! Motivo suficiente para não querer ir, me recusar a ver, desenvolver paúra pelo duo “Rosas-Decor”! Ah...
Salvamento graças a outro substantivo: gratidão! A este, somou-se à curiosidade clássica de repórter e lá estava eu: cansada e cheia do que fazer, na abertura da “tal expo”.
Troca semântica número 2: a popularíssima “quebrar a cara”, conjugada em primeira, pelo substantivo surpresa. Ou melhor, a junção das duas. Porque de fato, foi assim que aconteceu.
Cheguei lá e, “momento epifânico”: não é que “funcionou”? Sim, havia poesia nos cômodos, em suas várias formas: visual, dançante, ao ar livre, “recitada” pelo computador, escrita nas paredes. Menos do que eu queria, mais do que esperava, pouco viva talvez, presente, de fato. Eles todos. Os mesmos que,de forma abstrata, fizeram de lá sua morada. O Drummond, o Bandeira; os Andrade, o Vinícius , o Haroldo, o Augusto, o Blake e o Camões, ah o Camões...estavam todos lá. Nas palavras grafadas, escolha das cores, detalhes, eles estavam presentes.
Em todo esse tempo de “Casa”, foi o encontro com eles, em sua essência e poesia, capaz de fazer tantas vidas alterarem seus rumos artísticos (ou até despertar para algum). Me aventurando a ir mais além, diria que, o encontro pessoal com a poesia, reescreveu várias existências. Simples assim. Prático e fácil.
Eles também fizeram com que eu vencesse a resistência, me despisse de significados errados (como diz o Veríssimo), fosse para casa rápido e ligasse para o editor, insistindo na pauta.
Sim, aquela ainda era a minha casa. Minha casa “coroada de rosas, coroada de verdade, de rosas...”**
Acho que merecia mesmo uma boa visita, pois como diz o nosso já citado Veríssimo, algumas palavras tem o significado errado. Falácia, essa toda aqui, é uma delas...

*Carlos Savasini em “Caos”.
** Fernando Pessoa em “Coroai-me de Rosas”

Gabriela Cuzzuol é jornalista, professora de literatura e pós graduanda em Jornalismo Cultural pela PUC-SP.



sábado, 1 de setembro de 2007

QUALQUER MÚSICA

QUALQUER MÚSICA

Por: Fernando Pessoa


Qualquer música, ah qualquer,

Logo que me tire da alma;

Esta incerteza que quer;

Qualquer impossível calma;



Qualquer música _ guitarra,

Viola, harmonia, realejo,

Um canto que se desgarra,

Um sonho em que nada vejo...

Qualquer coisa que não vida!

Jota, fado, a confusão

Da última dança vivida...

Que eu não sinta o coração...