quinta-feira, 23 de abril de 2009

tenho que contar, tenho o que contar...

sim, tenho! Oh amontoados de surrealismos que permeiam a minha vida...

E neste final de semana teve mais um, daqueles que a gente não entende e fica rindo...
Mas conto depois, afinal, o último dia para se inscrever para as bolsas da Biblioteca Nacional é amanhã...tenho que correr

E você, vai:

www.bn.br

E, enquanto me enrolo o suficiente para não ter tempo de fazer um post decente, aqui vai um corajoso:



Abril 19, 2009
FEIOS, SUJOS OU MALVADOS?

Algumas revistas de cultura, e mesmo algumas exclusivas de literatura, foram conhecidas mais pelos assuntos que evitavam, pelos nomes que se recusavam a mencionar, do que propriamente pelo conteúdo que publicavam.

Se a linha editorial caminhar para o bom mocismo, para a elegância exagerada e vazia, para a democracia de temas e coleções de autores do tipo panorama representativo, não há razão suficiente para se abandonar de vez os encartes de cultura dos jornais dominicais.

De outro lado, manter a fornalha acesa graças às polêmicas, aos ataques contra este e aquele, acaba concretizando um caminho fácil demais, uma fórmula enganosa que pode dar bons resultados por alguns meses, mas não sempre, não para sempre.

Relendo o Fama & anonimato, do Gay Talese (São Paulo: Companhia das Letras, 2004, tradução de Luciano Vieira Machado) me deparei com a ótima matéria “Procurando Hemingway”. Ali, Talese, que por sinal é convidado da próxima Festa Literária de Paraty, traça um perfil desse modismo peculiar. Reproduzo um trecho que me parece oportuno:

“(…) a relativa riqueza de The Paris Review era invejada pelas outras pequenas revistas (…) seus editores acusavam o pessoal do Review de diletantismo, ressentiam-se de suas brincadeiras, aborreciam-se com o fato de que a Review continuaria a ser publicada enquanto a Merlin, que também descobrira e publicara novos talentos, logo iria fechar. (…) Naquela época a equipe da Merlin se compunha, em sua maioria, de jovens sem senso de humor, rebeldes autênticos (…)”.

Acho que o tom acadêmico que reveste as revistas literárias nacionais mais atrapalha do ajuda na conquista do público (de um público novo). Não me julgo capaz de apontar o formato infalível, mas sei que o excesso de pudor empobrece o que deveria ser a mídia desafiadora capaz de colocar todas as outras no seu lugar.

O que é arte, o que é entretenimento? Dia desses respondi a um questionário dizendo que só tinha paciência com a Rolling Stone. Gosto muito da Calibán, mas às vezes a acho muito pretensiosa. Literatura no Brasil não pode ser pretensiosa (isso nada tem a ver com o autor em si).

Pois bem, está saindo do forno a Revista De Autofagia, na qual publiquei alguns poemas inéditos. Quem compra essas revistas? Quem as consome de fato? Não faço idéia. Não me importa, sei que elas seguem uma tradição. Se são boas e lidas? Não sei. O que importa é que a teimosia (a mesma teimosia que grandes escritores da literatura tiveram quando editaram seus próprios textos e de outros) está lá.


Por Paulo Scott para http://pauloscott.wordpress.com/2009/04/19/2330/

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